Veleiro Olbers, importante navio trimastro que transportou centenas de imigrantes alemães para o Brasil
No texto anterior, sobre as famílias Schneider e Blumm, pudemos viajar um pouco mais atrás no tempo e descobrir que uma antepassada dos Schneider, a imigrante Maria Catharina Schüler, veio da Alemanha a bordo do navio Olbers, um dos maiores veleiros da época. Seu pai, Andreas Jacob Schüler, viajou com a família até o porto de Bremen e ali embarcou com sua esposa e prole em 26 de setembro de 1828, chegando ao Rio de Janeiro em 17 de dezembro, dando entrada em Armação (hoje Niterói) em 22 de dezembro. O desembarque dos passageiros só foi concluído em 2 de janeiro de 1829. Depois disso, embarcaram em um bergantim chamado Orestes e chegaram a São Leopoldo somente no dia 18 de março, após uma parada no porto de Rio Grande. Uma viagem e tanto e que trouxe junto diversas outras famílias.
Olbers, o astrônomo homenageado:
Tido como o maior veleiro de sua época, com três mastros (trimastro), há inúmeros relatos das famílias que vieram com o Olbers para o Rio Grande do Sul naqueles primeiros anos de imigração, portanto dividirei a pesquisa em duas ou três partes. Há muitas fontes sobre o Olbers e cabe aqui citar a origem do seu nome. Consta que Heinrich Wilhelm Matthias Olbers (1758-1840) foi um famoso médico e astrônomo de Bremen (na verdade, Bremerhaven), e cinco embarcações foram nomeadas em sua homenagem, dentre elas, esta que abordamos nesta pesquisa, a primeira dos cinco barcos.
Na mesma viagem, a vinda da família Streit:
Pesquisando a fundo, pude descobrir o inesperado: a família Streit, da minha esposa Bárbara da Silva Streit, veio nesta mesma viagem! Ou seja, foi nesse navio que os hexavôs dela, Jacob Streit (1791–1858) e Anna Girten (1793–1870) vieram, numa coincidência incrível durante minhas pesquisas. Entretanto, temos que lembrar que o Olbers era um barco de grandes proporções e trouxe para o Brasil somente nesta viagem cerca de 874 passageiros divididos em 152 famílias. Mais adiante abordaremos as famílias que embarcaram nesta viagem no dia 26 de setembro de 1828.
Os integrantes da família Streit que imigraram para o Brasil e chegaram aqui no dia 18 de março de 1829 foram os seguintes, de acordo com o site da família:
Pais:
Jacob Streit – 37 anos
Anna Gierten – 35 anos
Filhos:
Mathias Streit – 12 anos
Pedro Streit – 10 anos
Nicolau Streit -7 anos
João Streit – 4 anos
João Baptista Streit – 2 anos
Segundo informações retiradas do site da família, Jacob Streit era morador de Silwingen, perto de Merzig, na região do Saar, uma das mais pobres da Europa na época, perto da fronteira da França com Luxemburgo. Não há informações relatadas pela família acerca da viagem, mas há um resumo da viagem disponível em uma carta de outro imigrante que veio no mesmo navio, conforme consta no livro “São Leopoldo”, de Leopoldo Petry, p. 45:
1 – De casa, na Província Renana, ao porto de Bremen: 3 semanas;
2 – Em Bremen, esperando o navio para trazê-lo ao Brasil: 14 semanas;
3 – Embarque no navio Olbers e viagem para o Rio de Janeiro: 14 semanas;
4 – Do Rio de Janeiro e Porto Alegre, por navegação: 2 semanas;
5 – De Porto Alegre a São Leopoldo em barcaças, depois por via terrestre 6 6 – até Feitoria Velha, incluindo desembaraço aduaneiro: 16 semanas.
Total: 49 semanas.
Nem todos os imigrantes talvez tenham demorado tanto, mas é provável que Jacob Streit e sua família tenham feito um roteiro semelhante a partir de Silwingen.
O site da família diz ainda que não há informações concretas sobre como Jacob Streit se estabeleceu na Picada Dois Irmãos, mas o fato é que ele conseguiu as terras com financiamento do governo ou comprou de terceiros, que já vinham de outras formas de imigração. É provável que ele tenha comprado terras de Johann Gauer e, como o terreno ficou muito tempo sem aferição, nem os documentos de posse emitidos, a posse legal só se sucedeu em 12 de janeiro de 1860. Era a colônia 51, no lado direito de Dois Irmãos, conforme cadastro de São Leopoldo/Picada Dois Irmãos. É importante lembrar que, em 1830, toda e qualquer destinação de fundos e qualquer assistência à imigração foram suspensas. Pararam e só voltaram depois do término da Revolução Farroupilha, em 1845.
A pintura e o veleiro:
Na imagem, pintura a óleo de Carl Justus Harmen Fedeler criada em 1839 representando o navio Olbers, que transportou imigrantes alemães para o Brasil. Segundo Lisete Göller, do blog Memorial do Tempo, “o Olbers, de bandeira da Cidade Livre e Hanseática de Bremen, foi o veleiro mais importante e o de maior tonelagem empregado para transportar imigrantes alemães. Sua primeira viagem foi com destino ao Brasil. O Olbers foi construído nos estaleiros de Archangelsk, na Rússia, inicialmente com o nome de Elisabeth Bvoid, pertencendo à firma francesa Martin Lafitte & Cia. O trimastro foi vendido a um consórcio de comerciantes em Bremen por 80.000 mil francos franceses em 05/07/1928, passando a se chamar Olbers, em homenagem ao astrônomo”.
As pesquisas continuam, em breve a segunda parte.
Fontes:
https://homepages.rootsweb.com/~young/holbers.htm
https://memorialdotempo.blogspot.com/2016/05/familia-kossmann-1-parte-ancestrais-e_16.html
https://www.myheritage.com.br/FP/genealogy-welcome.php?s=129651781
http://familiajung.blogspot.com/p/a-chegada.html
http://familiastreit.com.br/anotacoes_en.php
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