Ouvindo o passado: a chegada do trem em Parobé sob a visão de dois personagens fictícios da época

Em 15 de agosto de 1903 o trem chegou até o povoado que hoje é o nosso município. Na época, a população era muito pequena, concentrando-se nas fazendas que constituíram o território que hoje atende pelo nome de Parobé, como Fazenda Pires, Fazenda Martins e Fazenda Fay. Em um diálogo fictício, com personagens fictícios, mas baseados em fatos históricos, criamos uma conversa entre o pai, João, se eu filho, Pedro, que debateram sobre a chegada do trem, a construção da estação férrea e como tudo isso influenciaria a economia e sociedade locais, sobretudo Santa Cristina do Pinhal, que através de seu porto escoava boa parte da produção agrícola.

A família fictícia de João e Pedro, de origem açoriana, se estabeleceu por aqui em meados do séc. XIX. Viviam da agricultura e possuíam atafonas para a produção de farinha de mandioca e moravam onde hoje é a Fazenda Martins, próxima ao Morro da Canoa, longe de toda a agitação do trem.

Serão vários personagens utilizados nesta nova seção do projeto, passando pelas mais diversas situações e sem ordem cronológica. Todos os textos virão acompanhados de uma ilustração baseada nos acontecimentos relatados nestes diálogos.

A Maria Fumaça desponta no horizonte

Na varanda de sua casa, o pai, João, está sentado em uma antiga cadeira de vime, aguardando seu filho mais novo chegar da casa dos Fay. Era domingo, estava frio, e João havia acordado cedo e se vestido adequadamente para ir à missa em Santa Cristina do Pinhal, mas a lida na roça já estava o deixando cansado, afinal, a idade já estava cobrando seu preço. Seu filho, Pedro, com seus 20 e poucos anos, chega ofegante dos Fay, com uma expressão curiosa. Depois de arrear seu cavalo, senta-se em um banco de madeira ao lado do pai.

Já é quase meio-dia quando eles têm essa conversa. É mês de junho e faz um frio de renguear cusco. Pedro havia ido visitar a família Fay, e no caminho, se deparou com uma Maria Fumaça fumegante passando pela estrada de ferro. Em poucos meses a estação férrea seria inaugurada e as coisas ficariam mais agitadas. Havia muitas promessas ao ar, mas, por enquanto, apenas funcionários trabalhando sem parar na construção da estação e na instalação dos dormentes.

João: Pedro, meu filho, como foi a sua manhã?

Pedro: Foi incrível, pai, você não vai acreditar na novidade que eu vi hoje!

João: O que foi, Pedro? Você parece empolgado.

Pedro: Vi o trem passando perto do Morro da Velha Ana enquanto voltava da casa dos Fay! Soltava uma fumaça impressionante! Disse o velho Fay que era o segundo trem que passava lá hoje…

João: É mesmo? Isso deve ser um espetáculo! Mas e quanto à construção da estação, como está indo?

Pedro: Está progredindo, pai, mas não sem dificuldades. O local é um banhado, e os construtores estão enfrentando alguns obstáculos com os arroios e o mato ao redor. Mas todos estão trabalhando duro para superar essas dificuldades.

João: Com certeza, filho. De qualquer forma, escolheram um bom local para a estação. No futuro, será o coração do nosso povoado. O João Mosmann fez um ótimo negócio. Fica a meio caminho para Taquara do Mundo Novo, terra do meu compadre Diniz Martins Rangel.

Pedro: Exatamente, pai. E o melhor de tudo é que, com a chegada do trem, poderemos transportar nossa farinha de mandioca com mais facilidade. Não precisaremos mais depender tanto das carretas de bois ou do porto de Santa Cristina do Pinhal.

João: Isso é ótimo para nós, Pedro. Mas estive pensando… Será que isso não prejudicará as atividades do pessoal de Santa Cristina do Pinhal? Afinal, eles são os principais responsáveis pelo transporte através do Rio dos Sinos. Muito da nossa produção é enviada pelo rio para São Leopoldo.

Pedro: Eu também pensei nisso, pai. Mas acredito que podemos encontrar uma maneira de colaborar com eles durante essa transição. Talvez possamos oferecer nosso apoio ou até mesmo buscar parcerias que beneficiem ambas as partes. Mas, as coisas têm mudado rapidamente.

João: Boa ideia, Pedro. Vamos nos certificar de que essa mudança seja benéfica para todos. É importante mantermos boas relações com nossos vizinhos, que tanto nos ajudaram.

Pedro: Com certeza. Vamos trabalhar juntos para garantir o progresso de nossa comunidade, enquanto cuidamos dos interesses de todos os envolvidos.

[João sorri, orgulhoso da visão de futuro e responsabilidade de seu filho, enquanto continuam a conversar sobre as transformações que o trem trará, e dentre os assuntos, a opinião da família Fay, que assim como a família de João e Pedro, estão por aqui há várias décadas.]

Pedro: Eles estão bastante animados com a construção da estrada de ferro. Dizem que será uma grande oportunidade para o desenvolvimento da região e facilitará nosso deslocamento. Não cansam de ficar olhando os trens passando.

João: É bom ouvir isso. A opinião dos Fay conta muito. Se eles estão otimistas, talvez tenhamos razões para estar também. Nos próximos dias, precisamos continuar trabalhando duro, garantindo que tenhamos uma boa colheita e estejamos preparados para as mudanças que estão por vir.

Pedro: Sem dúvidas. Vamos nos dedicar ao trabalho e nos preparar para aproveitar ao máximo as oportunidades que o trem trará para nós.

[João e Pedro se entreolham com determinação, prontos para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que o futuro reserva. Enquanto isso, no fogão a lenha, há uma panela de ferro cozinhando feijão, e o cheiro é irresistível…]

Créditos das imagens:

Ilustração criada por Maicon Leite através do site Leonardo AI com edição no Photoshop.

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Projeto criado por Maicon Leite, graduando em História pela FACCAT e presidente da AMUPA (Associação dos Amigos do Museu Histórico de Parobé). Todos os direitos reservados.

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Maicon Leite

Criador do projeto Trilhando a História de Parobé e Presidente da AMUPA - Associação dos Amigos do Museu Histórico de Parobé

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