Revista Diário da Ferrovia – Relatório de obras de 1904 – Estações Parobé e Sapiranga recebem armazéns
Departamento de notícias do Trilhando a História de Parobé e região
Jornal A Federação, Quinta-Feira, 17 de Março de 1904
Há 120 anos, no dia 17 de março de 1904, o Jornal A Federação publicava o “Relatorio da Companhia Estrada de Ferro de Novo Hamburgo á Taquara”, direcionado aos acionistas da estrada de ferro, inaugurada em 15 de agosto de 1903. No relatório consta um pequeno parágrafo informando que as estações Parobé (Rua Dr. Legendre)e Sapiranga (Av. 20 de Setembro)haviam recebido armazéns, em obras executadas quando este trecho da linha férrea já estava em atividade. No texto, lê-se o seguinte: “Conhecendo nós a necessidade para maior augmento da nossa receita a construccção de armazens, mandámos construir um, na estação de Sapyranga, todo de alvenaria, e outro na estação de Parobé, feito de taboas, os quaes já estão servindo”. Devido à data do relatório, assinada em 31 de dezembro de 1903 e publicado apenas em março do ano seguinte, indica-se automaticamente que as obras dos armazéns foram realizadas em meados do ano de 1903.
Desta forma, ambas as estações haviam passado por obras neste período inicial do trecho, cada uma recebendo um armazém para estocagem de produtos, que vinham desde Porto Alegre com destino às novas estações que iam até Taquara e posteriormente à Canela e Gramado. No que se refere à Estação Parobé, é possível que este armazém seja o mesmo que aparece em fotos da década de 1930, e segundo informações obtidas com antigos parobeenses, este armazém pode ter funcionado até o fechamento da estação, em 1964. Na foto que ilustra a matéria está o telegrafista Zoroastro Medeiros e um colega na porta do armazém, que ficava localizado próximo de onde hoje está o ponto de táxi da Praça 1º de Maio.
Em relação ao armazém de Sapiranga, cuja estação foi inaugurada na mesma data que a Estação Parobé e as demais do trecho, consta em um livro datado de 1907 que “Manoel Frederico Brusius tem o armazém no recinto da estação”. Ambas as estações tiveram diversos propósitos após a desativação do trecho em 1964, e hoje os prédios abrigam os museus municipais Museu Municipal Adolfo Evaldo Lindenmeyer, de Sapiranga e Museu Municipal de Parobé.
O “Relatorio da Companhia Estrada de Ferro de Novo Hamburgo á Taquara” trazia uma visão mais técnica da estrada de ferro desde sua inauguração até o final daquele ano, como explicado aos acionistas: “Pela primeira vez, baseada no artigo 22 dos nossos estatutos, vem a directoria que esta subscreve dar contas da sua gestão, no período de 15 de agosto a 31 de dezembro findo. Tendo esta administração recebido communicação da firma construtora Irmãos Corrêa & Legendre de que a estrada se achava prompta para ser entregue, convidou aos distinctos engenheiros drs. Cunha Lopes, Verissimo de Mattos e Julio Cesar da Silva para examinarem as obras a entregar, sendo acompanhados pelo engenheiro-fiscal por parte do governo do Estado. Dr. Riff, os quaes, depois de percorrerem toda a extensão da estrada e examinarem suas obras de arte e bem assim o material rodante, foram de opinião que, independente da algumas pequenas obras, a estrada poderia ser recebida, conforme declaração firmada pelos mesmos srs. e aos quaes tributamos a nossa gratidão, pelos serviços que nos prestaram, manifestando a sua opinião profissional”.
Como conclusão do relatório, o presidente Fernando do Amaral Ribeiro e o “director-caixa”, Francisco de Abreu Valle Machado, atestam e assinam o seguinte: “Ao encerrarmos a exposição da nossa gestão cumpre-nos agradecer aos srs, accionistas a confiança com que nos distinguiram, elegendo-nos para os cargos que presentemente occupamos e se mais explicações necessitarem temos o maior prazer em as fornecer. Porto Alegre, 31 de dezembro de 1903”.
Tal relatório será utilizado em nova matéria num futuro próximo, nos fornecendo mais detalhes daquele início de atividades do trecho Novo Hamburgo-Taquara.
Fontes:
Centro de Preservação da História da Ferrovia no Rio Grande do Sul. Ministério dos Transportes. Rede Ferroviária Federal. PRESERVE/RFFSA. Porto Alegre: Editora Metrópole, s.d.
DIAS, José Roberto Souza. Caminhos de Ferro do Rio Grande do Sul. São Paulo: Editora Rios, 1986.
Jornal A Federação, Quinta-Feira, 17 de Março de 1904
Patrimônio Ferroviário no Rio Grande do Sul: inventário das estações. 1874-1959. Porto Alegre: IPHAE, 2002, 284p.
Estações Ferroviárias do Brasil. Sapiranga. Disponível em: http://www.estacoesferroviarias.com.br/rs_linhaspoa/sapiranga.htm . Acesso em: 20 fev. 2024.
Projeto criado por Maicon Leite, graduando em História pela FACCAT e presidente da AMUPA (Associação dos Amigos do Museu Histórico de Parobé). Todos os direitos reservados.
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