201 anos da Imigração Alemã: Buscando as origens dos imigrantes
No primeiro período de imigração para o Rio Grande do Sul, entre 1824 e 1830, a maioria dos colonos era originária da Renânia-Palatinado, um dos estados que mais exportou imigrantes. E é na Renânia-Palatinado que se localiza a região do Hunsrück e consequentemente o local de origem do Hunsrückisch, língua difundida pelos imigrantes e que hoje é uma autêntica herança cultural e linguística daquele período.
Antes de 1824 a Renânia-Palatinado já estava em amplo processo migratório, mas nada comparado com o que viria através do trabalho incansável de Georg Anton von Schäffer a serviço do Império do Brasil. Hunsche destaca: “O Palatinado (Pfalz) e o Hunsrück, compreendidos, aproximadamente, na área da chamada Birkenfeld Land, hoje Kreis Birkenfeld e pertencente, na época, ao Grão-Ducado de Oldenburg, no norte da Alemanha, foram atingidos, igualmente, pelo movimento emigratório dos anos 1816/1817 proveniente do sudoeste da Alemanha. Mas a febre emigratória não ultrapassou, naquele momento, os rios Mosel e Rhein”.
O panorama mudaria a partir da “era Schäffer”: “Somente nos anos 20, quando Schaeffer ultrapassou a região propriamente dita dos Hunsruch-Palatinado, um quadrilátero formado pelos quatro rios: Reno, Mosela, Sarre e Nahe, transformando-se em uma verdadeira avalanche. “Hunsruck” e “Pfalz” tornaram-se a região alemã que mais emigrantes enviou para o Rio Grande do Sul, motivo pelo qual, ainda hoje, o idioma alemão, geralmente falado nas colônias do interior, é parecidíssimo com o se fala no “Birkenfelder Land”.
A geografia e importância de seus rios
A Renânia-Palatinado, ou Rheinland-Pfalz em alemão, é conhecida por sua rica história, paisagens deslumbrantes e vinícolas de renome mundial. O estadofaz fronteira com a França, Luxemburgo e Bélgica, e é atravessada pelos rios Mosela (foto), Sarre e o Nahe o Reno. Essa localização geográfica privilegiada contribui para a diversidade cultural e paisagística da região. Sua paisagem é marcada por colinas, vales verdejantes, vinhedos e castelos pitorescos. A região do rio Mosela é famosa por suas encostas íngremes cobertas de vinhas, produzindo vinhos brancos de alta qualidade, como o Riesling.
O saudoso Erni Guilherme Engelmann, curiosamente, fez uma comparação entre a região com a do Vale do Paranhana, evidenciando a geografia e as vias fluviais: “Bem mais difícil se torna explicar a semelhança geográfica que aqui encontraram, com a pátria-mãe, principalmente no que tange à situação da bacia hidrográfica, pois o Hunsrück, situado no centro da Europa, tem como limites: a leste o belíssimo Rio Reno, a oeste o Rio Saar, afluente do Mosela, o qual estabelece o limite norte, tendo, no lado oposto, ao sul, como divisa referencial o Rio Nahe. Há um verso bonito que diz: Mosel, Nahe, Saar e Rhein circundam, cercam o Hunsrück”.
Os rios que banham Parobé, Taquara, Igrejinha, Três Coroas, Riozinho e Rolante são peças chave desta comparação. De acordo com Engelmann, “Tudo não passa, evidentemente, de mera semelhança hidrográfica, pois o Vale do Rio Santa Maria, para onde vieram os imigrantes, também tinha, na época da colonização, seus limites quase todos identificados pelos rios da região, como podemos observar em documentos da época. A Colônia do Mundo Novo está situada na margem direita do Rio dos Sinos, onde faz frente ao sul, tendo ao norte a Serra Geral, a oeste o Rio Santa Maria (hoje, Rio Paranhana) e ao leste o Arroio Tucanos e o Rio da Ilha. Os três últimos são formadores do Rio dos Sinos, através do qual os colonizadores faziam o transporte de suas famílias e da produção aos centros maiores, como São Leopoldo ou a capital, Porto Alegre”.
A região do Hunsrück
Aa região do Hunsrück, uma área geográfica situada próxima ao Rio Reno. é conhecida por suas belas paisagens naturais, com uma história rica e forte identidade cultural. O Hunsrück é uma área montanhosa, parte do planalto do Sarre-Hunsrück, com altitudes que variam entre 200 e 800 metros acima do nível do mar. A paisagem é marcada por colinas, vales profundos, florestas densas, campos agrícolas e pequenas aldeias pitorescas. Essa topografia acidentada contribui para a beleza cênica da região.
Segundo Helmar Reinhard Rölke, os imigrantes que vinham do Hunsrück “eram agricultores e artesãos. Em consequência da partilha das já pequenas propriedades pelas heranças, suas propriedades foram diminuindo cada vez mais. Assim, tornava-se difícil alimentar a família apenas com a agricultura. A isto se somava a baixa produtividade do solo. Sobrava apenas a emigração, pois, com algumas exceções, a situação era a mesma de toda a Alemanha”.

O Hunsrückisch
Junto com as raízes do Hunsrück, temos o Hunsrückisch, uma língua de origem no Hunsrück que foi trazida pelos imigrantes dessa região para o Brasil durante a imigração. O Hunsrückisch falado no Brasil manteve muitas das características do dialeto original, mas ao longo do tempo, sofreu influências regionais e adaptações, incorporando elementos do português brasileiro e de outras línguas presentes no contexto brasileiro. O contato com a língua portuguesa e com outras comunidades de imigrantes também levou a algumas diferenças regionais no Hunsrückisch falado no Brasil. Cada colônia de origem alemã no país desenvolveu suas próprias peculiaridades e variações linguísticas, adaptando-o ao ambiente e à cultura local. Assim como ocorre com muitos dialetos e línguas ao redor do mundo, o Hunsrückisch no Brasil também enfrenta desafios em relação à sua preservação. Com o passar do tempo, a língua tem sido cada vez menos usada nas gerações mais jovens dos descendentes de alemães, especialmente em áreas urbanas.
Um passeio pela história da Renânia-Palatinado
A história da Renânia-Palatinado remonta a tempos antigos, com vestígios de assentamentos celtas e romanos ainda visíveis. Durante a Idade Média, a região foi dividida em vários principados e foi palco de conflitos frequentes. Posteriormente, a Renânia-Palatinado foi dominada por diferentes potências, como a França e a Prússia, antes de se tornar um estado alemão após a Segunda Guerra Mundial.
O Estado abriga diversas cidades históricas e, dentre elas, destaca-se a cidade de Mainz, capital do estado, com sua impressionante catedral e centro antigo bem preservado. Trier é outra cidade de destaque, com seu impressionante patrimônio romano, incluindo a Porta Nigra e as Termas Imperiais. Koblenz, localizada na confluência dos rios Reno e Mosela. É famosa também por sua fortaleza e pela estátua do Imperador Guilherme I. Então, como podemos ver, é deste lugar bucólico e rico em história que vieram muitos dos imigrantes.
O Castelo de Landeck na cidade de Klingenmünster:
Na imagem, em destaque, podemos admirar o Castelo de Landeck, localizado no município de Klingenmünster, terra de origem da família Lahm, cuja história remonta ao final do século XII. Embora sua fundação exata permaneça envolta em mistério, como é o caso da grande maioria dos castelos da região, sabe-se que foi destruído em 1689. No entanto, graças a um esforço de restauração em torno de 1910 e novamente entre 1964 e 1967, o castelo foi recondicionado, permitindo que sua beleza e grandiosidade sejam apreciadas até os dias de hoje.
Famílias da Renânia-Palatinado
Para explicar de forma clara e exemplificar melhorar sobre as primeiras famílias que de lá vieram, usarei como base pesquisas que realizei sobre os Brusius e Lahm, que se estabeleceram em Taquara. Os Brusius tinham membros nascidos no Estado da Renânia-Palatinado, como Johann Friedrich Brusius, que nasceu em Hennweiler, um pequeno município que hoje conta com pouco mais de 1.200 habitantes. Outro exemplo de uma família que veio da região é dos Lahm, através do imigrante Philipp Jakob Lahm, agricultor e carpinteiro,que veio acompanhado da esposa Anna Catharina Weinffenbach e dos filhos, tendo chegado ao porto de São Leopoldo em 07 de março de 1826. A família vinha do município de Freimersheim, localizado no distrito de Alzey-Worms, também da Renânia-Palatinado.
Hennweiler, o município dos Brusius, fica localizado a cerca de 76 km de distância de Freimersheim, terra natal dos Lahm. Uma das fotos que ilustra nossa matéria é de Klingenmünster, um município localizado no distrito de Südliche Weinstraße, a uma distância de 104 km de Freimersheim e 161 km de Hennweiler.
Créditos das fotos:
Die Rheinpfalz Kiefer
Fontes:
“Raízes da Imigração Alemã – História e Cultura Alemã no Estado do Espírito Santo”, Helmar Reinhard Rölke (1946-), Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), 2016, Coleção Canaã, Volume 23, está disponível para download gratuito (formato de arquivo PDF) em: bit.ly/2vSq22m.
ENGELMANN, Erni Guilherme. A saga dos alemães – do Hunsrück para Santa Maria do Mundo Novo. Igrejinha: E. G. Engelmann, 2004.
HUNSCHE, Carlos H. O biênio 1824/25 da Imigração Alemã e Colonização no Rio Grande do Sul – Província de São Pedro. Porto Alegre: Nação, 1975.
HUNSCHE, Carlos H. O ano 1826 da imigração e colonização alemã no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Metropole, 1977.
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