Especial Calçada da Saudade: Adaviano Arnildo Linden

Inaugurada em 12 de setembro de 2003, a Calçada da Saudade está localizada na Praça 1º de Maio, próxima ao Museu Municipal. Foi idealizada por Romeu Erno Ludwig, criador da Revista Atafona, com o objetivo de prestar uma homenagem a personagens da história de Parobé que, de alguma forma, contribuíram para o seu progresso.

Neste especial, vamos descobrir quem são estas pessoas, prestando um novo tributo a elas e mantendo viva a homenagem criada pelo saudoso Romeu e sua revista. Hoje, conheceremos a história de um personagem que dá nome a uma das principais vias de Parobé.

O “Prefeito de Fato”

A trajetória de Adaviano Arnildo Linden confunde-se com a própria organização administrativa de Parobé antes de sua emancipação política. Nascido em 1904, na localidade de Rio da Ilha (então parte de Taquara), Adaviano foi um elo fundamental entre a comunidade local e o poder central, atuando como um “prefeito de fato” em uma época em que Parobé ainda era apenas um distrito.

Filho de Theodoro Linden (1878–1920) e Albertina Schaffer, Adaviano cresceu imerso na cultura do trabalho. Sua vida profissional iniciou-se no seio familiar, dedicando longos anos à atividade na atafona da família — um tipo de moinho essencial para a economia agrária da época, sobretudo para a fabricação de farinha. Aos 20 anos, em 11 de outubro de 1924, casou-se com Frida Lauer, com quem construiu sua família. Um dos filhos do casal, Irineu Argemiro Linden, também está presente na Calçada da Saudade.

Vida pública e legado

Então, quem foi Adaviano? O grande destaque de sua biografia reside na vida pública. Adaviano Linden foi a personificação da autoridade local por décadas. Ele ocupou simultaneamente os cargos de Subprefeito e Subdelegado de Parobé, funções que exigiam tanto habilidade política quanto firmeza para manter a ordem e garantir os serviços públicos em uma comunidade em expansão.

Sua liderança foi ratificada nas urnas em 1959, quando foi eleito vereador à Câmara Municipal de Taquara. Naquele mandato, atuou como a voz oficial da população parobeense junto ao Legislativo taquarense. Demonstrando vocação para o Executivo, após o término de seu mandato, Adaviano retornou aos cargos de confiança que exercia anteriormente (Subprefeito e Subdelegado), permanecendo na função até 1971.

Adaviano Arnildo Linden faleceu em 21 de agosto de 1973, em Parobé, aos 69 anos, deixando um legado de serviço público que ajudou a pavimentar o caminho para o desenvolvimento futuro da cidade.

Raízes e Genealogia

Embora ainda não tenha localizado dados precisos sobre a vinda da família da Alemanha para o Brasil, sabe-se que alguns filhos de seus bisavós, Balthasar Linden (1801) e Anna Maria Flesch (1803), podem ter emigrado por volta das décadas de 1850 e 1860. Balthasar tinha origem em Landscheid, uma pequena localidade no distrito de Bernkastel-Wittlich, no estado alemão da Renânia-Palatinado.

Uma das hipóteses é que o antepassado imigrante direto tenha sido o filho de Balthasar, Leonardo Linden (1836), que se casou com Julia Dorothea Müller (1848) em 17 de outubro de 1861, em São Leopoldo. Um irmão de Leonardo, o lavrador Joannes Linden (1827–1891), casado com Regina Stein (1836–1917), constituiu família no Mundo Novo (atual região de Taquara), tendo falecido na localidade de Solitária, Igrejinha.

O registro de óbito de Joannes Linden traz detalhes interessantes sobre Joannes Linden:

“Aos vinte e oito dias do mês de setembro do ano de mil oitocentos e noventa e um, neste primeiro distrito de paz da paróquia de Santa Cristina do Pinhal, município do mesmo nome, Estado do Rio Grande do Sul, compareceu em meu cartório o cidadão João Linden, lavrador, natural deste Estado e residente na Linha Bohnen, perante as testemunhas adiante nomeadas e assinadas. Declarou que no dia… ontem, às três horas da tarde, faleceu seu pai João Linden, na casa de sua residência, na mesma Linha Bohnen, natural da Alemanha, lavrador, com sessenta e quatro anos, não fez testamento, e foi sepultado no Cemitério Público. Sua morte foi causada por congestão cerebral. E para constar lavrei este ato que assina o declarante…”.

O documento cita “Município de Santa Cristina do Pinhal”. Vale lembrar que, naquela época, Pinhal teve uma breve autonomia: emancipou-se de Santo Antônio da Patrulha em 1880, mas foi anexado a Taquara em 1892. Hoje, a localidade faz parte de Parobé, que conquistou sua emancipação de Taquara apenas em 1982. Essa área passou por diversas mudanças administrativas, tendo sido distrito de São Leopoldo, depois de Santo Antônio da Patrulha e, mais tarde, de Taquara, antes de se tornar solo parobeense.

OBS: infelizmente a placa está gasta, assim como muitas da Calçada da Saudade.

Fontes:

Livro de Registros de Óbitos, Assento Nº 55, Santa Cristina do Pinhal (1891).

FAMILYSEARCH. [Adaviano Arnildo Linden]. [s.d.]. Árvore Genealógica (ID G19P-SVR). Disponível em: https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/G19P-SVR. Acesso em: 05 dez. 2025.

Crédito da foto:
Maicon Leite

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Maicon Leite

Criador do projeto Trilhando a História de Parobé e Presidente da AMUPA - Associação dos Amigos do Museu Histórico de Parobé