Especial Calçada da Saudade: Arnildo Bonnenberger

Inaugurada em 12 de setembro de 2003, a Calçada da Saudade fica localizada na Praça 1º de Maio, próxima ao Museu Municipal. Foi idealizada por Romeu Erno Ludwig, criador da Revista Atafona, com o objetivo de prestar uma homenagem à personagens da história de Parobé, que de alguma forma contribuíram para seu progresso. Neste especial, vamos descobrir quem são estas pessoas, prestando assim um novo tributo a elas e mantendo viva a homenagem criada pelo saudoso Romeu e sua revista.

Hoje vamos relembrar Arnildo Bonnenberger, que nasceu em 26 de novembro de 1928, quando seu pai, Laudelino Bonnenberger, tinha 37 anos e sua mãe, Idalina Hennemann, tinha 30 anos. Ele faleceu em 30 de setembro de 2012, com 83 anos. Era casado com Elvira e eram pais de Roberto e César Bonnenberger. Arnildo tinha pequenas lavouras e criava algumas cabeças de gado, além de vacas leiteiras.

Arnildo era irmão de Armindo, que por sua vez era casado com Alicia Nelita, pais de Sérgio Bonnenberger, que por muitos anos trabalhou na Starsax.

Raízes:

A história da imigração alemã no Rio Grande do Sul possui muitas tragédias, uma delas é ilustrada vividamente com a vinda do imigrante de Johann Abraham Bohnenberger. Entre o adeus ao Palatinado e o estabelecimento definitivo em solo gaúcho, a família Bohnenberger protagonizou uma verdadeira epopeia marcada por tragédias, um naufrágio no Canal da Mancha e um exílio forçado na Inglaterra, antes de perpetuar seu nome na geografia local.

O patriarca Johann Abraham Bohnenberger tem sua origem envolta em nuances documentais. Enquanto certas fontes indicam seu nascimento em 29 de março de 1799, outras bibliografias clássicas, como Hunsche & Astolfi, situam-no em 1794. Originário de Niederalben, na região de Kusel, Abraham partiu com sua esposa Maria Elisabeth Werle (nascida entre. 1792/1795) e quatro filhos pequenos, fugindo da crise europeia em busca de uma nova vida.

A jornada, contudo, foi marcada pela dor desde o início. Ainda no trajeto terrestre em direção aos portos, o filho Adam (nascido em 1826) não resistiu e faleceu antes mesmo de deixarem a Europa.

Durante décadas, a tradição oral e diversos registros atribuíram o infortúnio da família ao navio Cäcilia, criando uma espécie de lenda sobre esse ocorrido. Pesquisas históricas recentes, no entanto, corrigem esse dado fundamental: a família embarcou, na verdade, no veleiro holandês Helena & Maria.

A embarcação partiu do porto de Texel, na Holanda, em 6 de janeiro de 1828. Apenas uma semana depois, na noite de 12 para 13 de janeiro, o navio enfrentou uma tempestade devastadora no Canal da Mancha. O Helena & Maria perdeu seus mastros e ficou à deriva, sendo salvo in extremis por embarcações britânicas que rebocaram os destroços — e seus mais de 300 passageiros aterrorizados — para o porto de Falmouth, na Inglaterra.

O que deveria ser uma escala técnica transformou-se em um forçado. Considerado inapto para cruzar o Atlântico, o navio foi desativado, e as famílias, incluindo os Bohnenberger, permaneceram retidas na Inglaterra, sobrevivendo graças à caridade local e subsídios governamentais.

A redenção veio apenas em janeiro de 1829, quando o navio britânico James Laing foi fretado para resgatar os imigrantes e completar a viagem. Foi a bordo deste navio, em pleno oceano, que a vida venceu a morte: nasceu Nicolaus Bohnenberger, simbolizando a renovação da esperança da família antes mesmo de avistarem o Brasil.

A longa jornada encerrou-se com a chegada ao Rio de Janeiro em fevereiro de 1829, seguida pela viagem final ao sul no costeiro Florinda. A família desembarcou definitivamente em São Leopoldo em 22 de maio de 1829.

Diferente de muitos que se fixaram nos lotes iniciais, Abraham Bohnenberger demonstrou espírito expansionista. Estabelecido inicialmente em Bom Jardim, a região colonizada por sua descendência tornou-se tão identificada com o clã que passou a ser conhecida como Bohnental (Vale do Feijão). Posteriormente, transferiram-se para São José do Hortêncio, onde Abraham e Maria Elisabeth faleceram ambos em 1875, encerrando um ciclo de vida que uniu a sobrevivência a um naufrágio europeu à construção de um legado brasileiro.

Variações do sobrenome:

Há pelo menos três variações do sobrenome. Registros mais antigos estão grafados como Bohnenberger, em outros, como Bonnenberger ou Bonemberger. Nos registros antigos, opto por deixar como estão, Bohnenberger, em outros mais recentes, como Bonnenberger (como é o caso do que está na Calçada da Saudade – que por sinal suprimiu uma letra, o “n”), ou como no caso de Sérgio Bonemberger, sem os “n” e sim com um “m”. Todos são variantes da mesma família ao longo dos séculos.

Ligações familiares:

Arnildo era meu primo sexto, cuja conexão remonta aos meus hexavós Johann Heinrich Jung (1731–1784 – datas prováveis) e Elisabeth Maurer (1742 – sem falecimento), nascidos e falecidos no Estado de Hessen (Alemanha). Aliás, foi o “filho do meio” do casal, o carpinteiro e lavrador Johann Gaspar Jung (1771–1858), casado com Anna Scheller (1782–1859), o primeiro deste ramo a emigrar para o Brasil. Teriam partido do porto de Hamburgo em 09 de setembro de 1824, no navio Der Kranich, sob o comando do capitão Claus Friedrich Becker, com 359 passageiros, sendo 282 colonos e 77 soldados recrutados pelo governo brasileiro. O navio chegou ao porto do Rio de Janeiro em 15 de janeiro de 1825 e em 09 de março o casal chegou ao seu destino final, São Leopoldo, a bordo do navio costeiro Penha.

Crédito da foto:
Maicon Leite

Agradecimentos:
Sérgio Bonemberger

Fontes:

FAMILYSEARCH. Johann Abraham Bohnenberger (1799–1875). [s.d.]. Árvore Genealógica (ID LZZK-38G). Disponível em: https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/LZZK-38G. Acesso em: 03 dez. 2025.

FEY, Ademar Felipe. Veleiro Helena Maria (vulgo Cäcilia) – Imigração Alemã no Brasil. Disponível em: https://imigracaoalemanobrasil.com/2021/02/13/navio-helena-maria-2/. Acesso em: 03 dez. 2025.

HUNSCHE, Carlos Henrique; ASTOLFI, Maria. O Quadriênio 1827-1830 da Imigração e Colonização Alemã no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora G&W, 2004. p. 500-501.

MEMÓRIA DO POVO ALEMÃO. Abraham Bohnenberger * 1794 Niederalben + 25.05.1875 S. José do Hortêncio. 2011. Disponível em: https://memoriadopovoalemao.blogspot.com/2011/04/abraham-bohnenberger-1794-niederalben.html?lr=1764733659348. Acesso em: 03 dez. 2025.

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Maicon Leite

Criador do projeto Trilhando a História de Parobé e Presidente da AMUPA - Associação dos Amigos do Museu Histórico de Parobé