Acidente na linha férrea entre carro motor e caminhão em 1951
Como já vimos aqui anteriormente, no período em que o trem passava por Parobé, entre 1903 e 1964, através do trecho de Novo Hamburgo à Taquara e depois aumentado até Gramado e Canela, ocorreram muitos acidentes com o trem à vapor (“Maria Fumaça”) e os carro-motores. Há diversos relatos de pessoas sendo atropeladas, de incêndios à beira da estrada de ferro, de descarrilamentos e também de acidentes causados por outros veículos que trafegavam em paralelo à estrada de ferro. Um deles ocorreu em 1951, onde hoje se localiza a sorveteria Cremolatto, na Av. Taquara, próximo à Câmara de Vereadores. Como podemos ver nas fotos, ao redor, na época, havia muita vegetação. Assim era Parobé.
Uma das passageiras do carro motor acidentado era a dona Cilze Nair Bauer Selzlein, que na época tinha apenas oito anos de idade e estava acompanhada da mãe. Segundo depoimento de Cilze relatado à Vania Inês Avila Priamo para o livro “Raízes de Nova Hartz” em 2006, tudo começou quando “o condutor do carro motor e o motorista do ônibus fizeram uma aposta enquanto descansavam no Café Colombo, em Taquara: quem chegasse primeiro no cruzamento da estrada com os trilhos do trem, em Parobé, ganhava uma (ou umas) cerveja”. A ideia não foi das melhores: “Quando chegaram no cruzamento, nenhum dos dois parou. O carro motor entrou de baixo do caminhão”. No livro, dona Cilze contou que “… estava sentada bem na frente. A minha sorte foi o Ari Konradt. Quando ele (carro motor) pegou o caminhão, o caminhão virou […] quebrou tudo aqueles vidros da frente e eu […] ia voar para fora. Daí o Ari me pegou pelo braço e eu bati (a cabeça) contra o ferro. […] depois, veio o carro-motor para nos recolher, mas eu não embarquei mais…”.
Em novo depoimento, para o projeto de história oral do Museu Municipal de Parobé, em 2022, dona Cilze contou mais detalhes para a entrevistadora Vania Inês Avila Priamo: “Naquela rótula, ali embaixo, onde era o mercado Schefel (Avelino Scheffer, 332 – Guarujá) (…) ali que era a estrada do trem. (…) Ali na Padaria Aurora (Avenida das Nações, 667) era a estrada velha, passava por cima da estrada do trem. Eu e a mãe tinha ido a Taquara. Daí viemos no carro motor (…) doze e meia ele saia de Taquara. E o Faistauer, aquele da fábrica de cachaça (…) e o motorista do carro motor almoçaram juntos no Café Colombo em Taquara. E os dois jogaram uma cerveja: quem ia chegar primeiro naquele cruzamento(…) E começaram a emparelhar (…) quem chegava primeiro ali, ganhava a cerveja, né?! Só que nenhum parou. Chegaram junto e o carro motor enfiou debaixo do caminhão. A mãe tinha comprado a passagem e tinha ganhado bem na frente. A minha sorte foi o Ary Konrath. Ele não tinha mais lugar para sentar e ele estava parado na porta do carro motor. E quando deu aquela enfiada de baixo do caminhão, o caminhão virou com as pipas de cachaça e tudo. E eu, não tinha cinto naqueles tempos. E eu voei e ele me segurou assim no braço. (…) a frente do carro motor ficou tudo aberto. O motorista acho que estava morto na hora, porque ele ficou de baixo de tudo aquilo, vidro e tudo o que quebrou, né? Aí eu e a mãe fomos embora. A mãe me levou ali no Salão da Elcita (Dienstmann Koch- Rua Dr. Legendre 356) Eu bati a cabeça contra um ferro. Lá me fizeram umas compressas e tudo o mais. Daí veio um outro carro Motor para buscar os passageiros. Tu acha que eu embarquei? Eu e a mãe viemos a pé embora (risos).”
Sempre solícita com pesquisas relacionadas à história de Parobé e região, dona Cilze nasceu em 1943 na localidade de Campo Pinheiro, atual Campo Vicente, e era filha de João Waldemar Bauer e Melinda Bauer. Se casou com Ary Sady Selzlein (24 de abril de 1938 – 14 de janeiro de 2023) em 14 de maio de 1966 e tiveram dois filhos: Eduardo Daniel Selzlein e Marcos Roberto Selzlein.
Ligações familiares:
Ary Sady Selzhein era primo terceiro da minha avó, Erna Hartz (2 de novembro de 1911 – 23 de junho de 1980), que era casada com Alfred Heinrich Haag (27 de novembro de 1912 – 12 de abril de 1982). Cilze, por sua vez, também é minha parente. Sua mãe, Melinda Ev, era prima quarta da minha avó.
Ainda em comum estão nossos antepassados da família Schweitzer, meu hexavô Hans Jakob Schweitzer (18 de agosto de 1778 – 4 de novembro de 1856), casado com Anne Elisabeth Christine Engels (1782–1856) e sua filha, minha pentavó, Apollonia Helena Schweitzer (1816), casada com Johannes Diefenbach Filho (1810–1836), com quem teve dois filhos: Philipp Diefenbach (1832–1904) e Barbara Diefenbach (1836–1917), esta minha tetravó, casada com o imigrante Franz Peter Haag (17 de dezembro de 1822 – 25 de março de 1908), que chegou ao Rio Grande do Sul em 1846. Ao contrário do esposo, Barbara nasceu no Brasil, na localidade de Quatro Colônias, Campo Bom.
Os Diefenbach haviam chegado no Brasil em 1825. Segundo M. C. Diefenbach no livro “Famílias de Origem Alemã no Rio Grande do Sul, Volume I”, Johannes foi capturado e morto na Guerra dos Farrapos em 1836, falecendo então aos meros 26 anos de idade. A viúva então casou-se com seu irmão mais novo, Johann Peter Diefenbach (1812–1859), com quem teve seis filhos.
Fontes:
PRIAMO, V. I. A.; BARROSO, Vera Lucia Maciel (Org.); FÜHR, Roseli Jacinta (Org.); GROFF, Denize (Org.). Raízes de Nova Hartz: XXII Encontro dos Municipios Originàrios de Santo Antonio da Patrulha. 1ª. ed. Novo Hamburgo: Um Cultural, 2012. v. 2. 1272p.
FamilySearch:
https://www.familysearch.org/tree/person/details/GQYV-RPV
Créditos das fotos:
Acervo do Museu Histórico de Parobé – Digitalizada/editada por Maicon Leite
OBS: as fotos receberam edições via Photoshop para ficarem mais nítidas.
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