Os 199 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul

Como vimos no post sobre o Dia do Colono, no dia 25 de julho de 1824 chegavam ao Rio Grande do Sul a primeira leva de colonos vindos da Alemanha. Nestes anos em que o Trilhando a História de Parobé tem atuado, sempre que possível busco informar o máximo possível de dados sobre os imigrantes e seus descendentes. E não foram poucos. Naqueles primeiros anos, somente entre 1824 e 1830, vieram mais de 10 mil imigrantes alemães para o Brasil, contabilizando colonos, militares e artesãos, além de muitas vezes indesejáveis detentos. Destes 10 mil, o Rio Grande do Sul recebeu quase a metade desta leva neste período. Neste texto, abordarei de forma sucinta alguns detalhes desta jornada que redefiniu os rumos da formação do novo povo.

De acordo com o site da Família Dienstmann, os imigrantes contratados pelo Governo brasileiro através do esforço de Georg Anton von Schäffer, na Alemanha, compuseram a primeira leva de chegada e, após passarem pelo Rio de Janeiro, aportaram em Porto Alegre em 18 de julho de 1824. Conforme as instruções recebidas, o Presidente da Província, José Feliciano Fernandes Pinheiro, direcionou os imigrantes para a Feitoria desativada na margem esquerda do Rio dos Sinos, a Feitoria do Linho-Cânhamo.

A descrição da chegada destes imigrantes no antigo Porto das Telhas, conforme o site da Família Dienstmann, com texto de Telmo Lauro Müller. não poderia ter sido mais bem imaginada: “É fácil imaginar a viagem rio acima. Uma vegetação luxuriante, com árvores enormes e flores em profusão; muitos animais povoando as margens: jacarés, capivaras, ratões do banhado, fuinhas e, sem dúvida, alguma cobra deitada preguiçosamente sobre um tronco caído na água. No céu, bandos de aves a fazerem seu balé ao vivo e em cores; garças, biguás, um mundo de pássaros coloridos. Numa palavra: um encanto! Um mundo novo à espera de quem fizera uma viagem de 12 mil quilômetros em busca de uma nova pátria”.

Nas margens do Rio dos Sinos, um grupo de pioneiros deu início à sua jornada rumo à Feitoria do Linho-Cânhamo, impulsionados por carretas puxadas por bois. Foi em um domingo, mais precisamente em 25 de julho de 1824, que se marcou a fundação do primeiro núcleo de colonização alemã no sul do Brasil, posteriormente evoluindo para a primeira cidade de origem alemã no Estado: São Leopoldo.

Não vou me prolongar muito, pois o tema é muito complexo, mas vou elencar alguns aspectos e motivos da vinda destes imigrantes de origem germânica. Segundo o historiador Paulo Gilberto Mossmann Sobrinho, “Julga-se a questão do branqueamento da população brasileira como o principal fator da imigração europeia para o Brasil. Porém, existem outros tantos que também são de fundamental importância para que ele ocorresse, por exemplo, a necessidade de soldados para o exército, ficando mais evidente essa realidade na Província do Rio Grande do Sul devido a seu aspecto de região fronteiriça e de constante combate contra os platinos”. Outra característica bem forte desta ligação está na pessoa da Imperatriz Leopoldina, que teve um grande papel nesta história: “A preferência da vinda de alemães para o Brasil está estreitamente ligada ao fato de o Imperador brasileiro, Dom Pedro I, ser casado com a Imperatriz Leopoldina Carolina Josefa, filha de Francisco II, Imperador do Sacro Império Romano e Imperador da Áustria (intitulado de Francisco I). A Imperatriz brasileira, de origem germânica, fora a grande incentivadora para vinda dos alemães ao país”.

Estes foram os primeiros imigrantes a chegar no porto de São Leopoldo, totalizando 39 pessoas:

Miguel Krämer e esposa Margarida; católicos.

João Frederico Höpper, esposa Anna Margarida, filhos Anna Maria, Christóvão e João Ludovico; evangélicos.

Paulo Hammel, esposa Maria Teresa, filhos Carlos e Antônio; católicos.

João Henrique Otto Pfingsten, esposa Catarina, filhos Carolina, Dorothea, Frederico, Catarina e Maria; evangélicos.

João Christiano Rust, esposa Joana Margarida, filhas Joana e Luiza; evangélicos.

Henrique Timm, esposa Margarida Ana, filhos João Henrique, Ana Catarina, Catarina Margarida, Jorge e Jacob; evangélicos.

Augusto Timm, esposa Catarina, filhos Christóvão e João; evangélicos.

Gaspar Henrique Bentzen, cuja esposa morreu na viagem; um parente, Frederico Gross e o filho João Henrique; evangélicos.

João Henrique Jaacks, esposa Catarina, filhos João Henrique e João Joaquim; evangélicos.

Das 39 pessoas acima, seis eram católicas e as restantes evangélicas. Foram os fundadores da colônia de São Leopoldo. Esta primeira leva de imigrantes embarcou na galera hamburguesa Anna Louise em Hamburgo no dia 24/03/1824, chegando no porto do Rio de Janeiro em 04/06/1824. A bordo estavam 200 soldados e 126 colonos, 39 destes com destino ao nosso Estado. Além disso, havia 27 reclusos no navio, cinco deles com o mesmo destino dos colonos. Segundo pesquisas de Ademar Felipe Fey, não foram bem recebidos em São Leopoldo e foram despachados para São João das Missões. O navio tinha como capitão Johann Heinrich Knaack e o comandante do transporte era Joseph Von Kettler. Uma curiosidade: durante a viagem houve a morte de uma mulher e o nascimento de uma criança, equilibrando assim os 39 da contagem geral.

Agora faltando um ano para a celebração dos 200 anos da imigração alemã, farei matérias especiais sobre o assunto, de forma mais completa, dividida em partes.

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Créditos da foto:

Chegada da primeira leva de imigrantes a São Leopoldo, via rio dos Sinos, 25 de julho de 1824. Tela de Ernst Zeuner, acervo MHVSL – Museu Histórico Visconde de São Leopoldo.

Fontes:

Família Dienstmann:

FEY, Ademar Felipe. Imigração Alemã no Brasil: Navios e Passageiros Anos 1824 a 1830 – 6º Edição – Caxias do Sul, Ademar Felipe Fey, 2023.

MOSSMANN SOBRINHO, P. G. A Presença Teuta no Rio Grande Sul do Século XIX: Um lacônico estudo sobre as consequências econômicas, sociais e culturais. Semina. Ciências Sociais e Humanas (Online), 2014.

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Maicon Leite

Criador do projeto Trilhando a História de Parobé e Presidente da AMUPA - Associação dos Amigos do Museu Histórico de Parobé

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